Artigo Cel Amauri: A Inexorável Sensação de Insegurança

A INEXORÁVEL SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA

                                                          

Amauri Meireles (*)

A segurança na e da sociedade tem sido tema de debate, com ênfase a partir de 1972, quando a imprensa cunhou a expressão “Violência Urbana”, para caracterizar a elevação do número de crimes triviais e aceleração da criminalidade violenta (roubo, assalto, latrocínio, estupro).

Desde então, sua contenção tem sido um desafio para as três esferas de governo, provocando inquietação, angústia e ansiedade no corpo social.

Passado meio século, é possível fazer um rápido diagnóstico da situação atual.

Constata-se que, minimamente, há equívocos conceituais, ausência de um efetivo sistema de proteção da sociedade e uma forte distopia estatal (ausência ou funcionamento anômalo de órgãos públicos, principalmente da área social).

Por exemplo, segurança tem sido tratada guardando sinonímia com proteção e defesa. Começa a ganhar força o entendimento de que são situações distintas, pois defesa é um mecanismo de proteção (nacional e social) contra vulnerabilidades e ameaças, visando à instalação de um ambiente de Segurança. Este, por sua vez, é um estado em que objetivamente as vulnerabilidades estão controladas e as ameaças mitigadas e, subjetivamente, há a crença de que estão efetivamente controladas, concomitantemente, visando à preservação da vida e a perpetuação da espécie.

 Depreende-se, assim, que Segurança é uma utopia, em razão do inesperado e do imponderável que cercam, permanentemente, as vulnerabilidades e as ameaças. Portanto, é possível afirmar-se que se vive e sempre se viveu em um ambiente de insegurança. Não apenas no Brasil, mas em qualquer parte do mundo.

Diante dessa realidade fática, há uma sutileza que necessita ser mais bem observada, analisada e trabalhada: nenhum trabalho é realizado para aumentar a segurança, mas, sim, para reduzir a insegurança, ou seja, as ações visam a diminuir a sensação de insegurança e, não, a aumentar a sensação de segurança. 

Cada país tem sua própria matriz de insegurança. Pode ser a guerra, o terrorismo, um tipo de desastre, a fome, a miséria, etc. Em nosso país é a Violência, bipartida em violência da exclusão social e em violência da criminalidade. Os órgãos que trabalham para reduzir, restringir essa violência atuam compartimentados, com uma frágil ligação.

Considerando-se que cabe ao Estado o provimento da proteção e a promoção do progresso, é fundamental que haja sistemas, desdobrados em subsistemas, priorizando a sincronia, a sinergia, a sintonia. Em razão dessa ausência, é muito comum, quando ocorre determinado surto, a instalação da “administração por susto”, cujo protagonismo fica com a criação de “Grupos de Trabalho”.

Quanto à distopia estatal, constata-se que ela influencia diretamente no ambiente de insegurança. Sua intensidade (quantitativa e qualitativa) é diretamente proporcional ao trabalho da Polícia.

Entende-se ser um equívoco cometer à Polícia, mais particularmente ao policiamento, a responsabilidade de reduzir a violência da criminalidade, porque essa Instituição trabalha na causalidade, vértice para ondem fluem causas e refluem efeitos dessa violência.

Enfim, são absolutamente necessárias ações efetivas sobre causas e efeitos da violência para que haja redução na sensação de insegurança, aproximando-nos do utópico ambiente de segurança.

(*) Coronel Veterano da PMMG

(*) Foi Comandante da Região Metropolitana de BH

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